A vida me fez humana
Não santa e nem divina
De corpo e de alma insana.
O barro me deu a forma
Estética forma imperfeita
Receita que o homem deforma
Recria reforma e rejeita.
O mundo me emprestou um caráter
Imprestável disfarce indigno
Por isso sou apenas a parte
De um traje de carne iníquo
Por isso sou só um pedaço
De barro de terra esculpida
Na argila que envolve a vida
Na pele que acolhe a alma,
alma pobre e vazia.
Por fim, não por mim eu fui feita.
Na beira da boa vontade
Infelizmente não sou a imagem
Da obra de arte de meu escultor.
Infelizmente não sou o retrato
Abstrato do meu criador
Me tornei criatura imperfeita
Gravura eleita de amargo sabor.
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