domingo, 30 de outubro de 2011

Coisas de criança...

 "Tento ver as coisas
Com os olhos nus de uma criança
Aquela trança encanta o pai
Mas o encanto vai
Junto com a infância".

Enquanto somos expostos ao máximo da sexualidade, uma ansiedade contemporânea pelo sensual, erótico e quase pornográfico, há alguns momentos de beleza sem pecado e de amor sem segundas intenções, a foto ao lado registra um dos raros momentos em que um beijo é só um beijo, não antecede nada além do que parece.
Infelizmente quase tudo que se vende, quase tudo que se oferece ultimamente “prega” uma série de valores deturpados, corrompidos. Atualmente, há mais estímulos hétero e homossexuais, do que educativos em nosso dia-a-dia, e isso acompanhamos passivamente desde as novelas vespertinas até os comerciais de refrigerante #fato.

 
"Eu fico
Com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita"...

( Gonzaguinha)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A voz da vida

Queria eu,
Viver mil vezes
Viver mil vidas bem vidas
Voar nos versos de uma valsa
Vagar nas velas de um veleiro.

Quem vê primeiro
Não vê defeitos
Eu vejo sonhos na ventania
Eu sinto inveja da alegria
Que vive livre num paraíso
Sem mais avisos nem nostalgias

As veias de meu corpo
São vertentes da virtude
A saúde vende a alma
Salva a minha, velha vida.

Volta o vulto que me leva
Para aonde não há volta
Enverniza minha pele
Envenena minha língua.

Viveria livremente
Se não fosse vulnerável
Mas sou a vítima que não fala
Sou a voz que sempre cala
A verdade numa cova.

domingo, 23 de outubro de 2011

A maldição do pijama

Essa semana descobri que quando você fica muitos dias em casa, afastado da civilização, desprendido do relógio e da rotina de trabalho, corre o risco de sofrer de um estágio patológico que chamo de: “A MALDIÇÃO DO PIJAMA”.
Isso acontece com algumas pessoas normalmente durante as férias, ou quando de uma hora para outra, ficam sem emprego (o que foi o meu caso).
Mas o que seria a maldição do Pijama?
Vou falar um pouco dos sintomas, afinal não há estudos mais aprofundados sobre o assunto, então vamos lá... A Maldição do Pijama normalmente começa de uma forma amena, quase que imperceptível...

1º Estágio (1º ao 4º dia):
Você percebe que não precisa mais colocar o relógio para despertar, afinal, não tem mais compromissos, logo a hora de levantar passa a ser mais tarde, o almoço e o jantar são dispensáveis, pois você pode comer qualquer a hora, e sim, dormir cedo vira uma lenda, provavelmente você ficará na TV ou na internet até altas horas sem nenhuma culpa ou preocupação...

2º Estágio (5º ao 10º dia):
Pequenas funções domésticas ou que você fazia todos os dias de forma quase que automática são deixadas de lado: coisas como lavar a louça, arrumar o quarto, recolher os sapatos que ficam pela casa, ler ou ir à academia são hábitos praticamente extintos de sua rotina normal...

3º Estágio (11º dia em diante):
Esse é o estágio o mais grave, praticamente incurável se não for diagnosticado a tempo,
Nesse período você não sabe se está dormindo de noite ou de dia, se você está tomando leite com bolachas na hora do almoço ou comendo macarrão na hora do café. Normalmente você não sai mais de casa, tem todo o tempo do mundo, mas não visita ninguém, não vai mais ao banco, não caminha mais na avenida.
Você desliga o celular e não atende a companhia, acorda de manhã de pijama, fica com ele o dia todo, toma banho por uma questão burocrática e volta a colocar o pijama novamente.
É um estado mórbido de inutilidade, você fica em casa como se ela fosse sua "Batcaverna", mas tome cuidado, esse pode ser um período de esterilidade criativa, emocional, social, e o pior, pode ser permanente.

Cheguei ao 3º estágio, mas já superei. Foram 13 dias, 14 horas e 10 minutos com a “MALDIÇÃO DO PIJAMA”.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Um coração em ruínas



Quantas flores despetaladas
Murchas e machucadas
Deixei espalhadas no chão
Suas cartas rasguei
Como quem rasga a alma
Como quem perde as palavras de amor numa desilusão
Quantas fotos nossas
Fiz em pedaços
Para separar nosso abraço
E desunir nossas mãos
Quantos beijos intensos
Ainda tento esquecer
Para desprender dos meus lábios
Venenos seus que até hoje me fazem sofrer.
Tento despojar-me desse corpo
Que ainda é meu e um pouco
Um pouco parte do seu
Tento desfazer-me das lágrimas
Pois ainda que pertençam a mim
É sua a culpa de tê-las
Deixado de novo cair
E assim para evitar dor maior
Eu destruo toda lembrança sua
Eu jogo a saudade no lixo
E espalho suas desculpas na rua.
Machuco flores inocentes
Desejando te ferir como elas
Como as pétalas também maltrato os bilhetes
Onde você prometeu para sempre
Um amor que nem sempre me deu
Por isso não mais aceito
Eu rejeito seu arrependimento
E lhe nego minha compaixão
Você arruinou nosso amor
Por isso não merece perdão
Se quiser ter-me de volta
Não mais bata a minha porta
Recolha os pedaços feridos
Entristecidos do meu coração
Que como as cartas, flores e fotos,
Continuam perdidas sofrendo
Chorando espalhadas no chão.



domingo, 16 de outubro de 2011

Uma nova opinião

Até pouco tempo eu me orgulhava pela convicção e certeza que eu tinha sobre mim e sobre as coisas que me diziam respeito, valores e conceitos bem alicerçados sobre as certezas que eu tinha em relação a tudo na minha vida (família, trabalho, relacionamentos).
Hoje me sinto mudada, pois descobri que o importante não é ter certezas ou domínio sobre tudo, e sim, ter a capacidade de mudar de ideia ou opiniões com facilidade...  E isso não é ser volúvel, é ser versátil, a coisa mais inteligente que as pessoas podem fazer em suas vidas, é a admitir a mudança e se preparar para ela.
Afinal, não são os mais fortes que sobrevivem, e sim os que se adaptam melhor (Charles Darwin). E para nós essa não é apenas uma questão de sobrevivência é uma questão de satisfação e felicidade.
Hoje, me orgulho por ter me livrado de velhos "pré-conceitos", de ter assumido uma nova postura pessoal e profissional, de aceitar coisas, que até então eu julgava inadimíssiveis.  Me orgulho, pois passei a entender que o mundo não é regido pelo movimento de rotação do meu próprio umbigo.
Portanto, não se preocupe em concordar comigo, provavelmente já terei mudado de ideia (Autor desconhecido).

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Dose poética nº 13


Uma oração para mim:

Que hoje seja o melhor dia da minha vida
Que o tempo seja generoso com a minha espera
Que as pessoas não estejam cruéis
Nem destruam o resto
Que sobrou dos meus sonhos

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Soneto da saudade

Você vai para onde a saudade é mais intensa
Pra onde meus olhos não mais te enxergam
Pra onde as mãos não mais te alcançam
Distância de onde a tristeza sempre regressa.

Você vai sem o remorso de um amor perdido
E eu fico com a certeza de um amor distante
A espera de um instante
Espero sua volta, espero seu carinho.

Desejo que o caminho
Longo e solitário
Te faça lembrar de mim.

Desejo que a saudade
Lhe traga numa bela tarde
E lhe faça me amar... Enfim

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Dose poética nº 12


Espero um homem,
Que na essência seja de barro
E não do rancor amargo
Que pingou na terra
E manchou o mundo...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Um pouco de mim...

Se esse post fosse uma imagem, o chamaria de auto-retrato
Como utilizo palavras, o batizarei como: "biografia resumida e autorizada de mim mesma"...


(...)
Não sou intelectual
Naturalmente livre
Evito formalidades
Escrevo por prazer, não por vaidade
Cuido do que amo
Amo o que possuo
Carrego em minha bolsa
Uma boa dose de gentileza
Levo como arma
Um sorriso certeiro
Ele é o que tenho
Para desarmar aqueles
Quem tentam me ferir...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Poema sem censura

É aqui que eu me encontro
É aqui que eu me esqueço
Embolada nas palavras
Nos fonemas, nos acentos,
Nas estrofes problemáticas
Nos poemas, nos sonetos.
Mas não quero a gramática
A barrar meus pensamentos
Eu não quero a sintática
A tomar meu pouco tempo,
Pois escrevo com desejo
De fazer de cada verso
Livre verso sem defeito
Livre rima sem censura
Escultura que contorno
Entre parágrafos sem razão
Eu evito os bons modos
Da ortografia e da conjugação
E ao contrário de outros poemas
Esse meu nunca se prende
Ao dilema de uma vírgula
Ao tropeço de uma sílaba
Nem ao limite de um ponto final

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Saudades da escola

Quando eu ia à escola
E voltava de ônibus
Todo dia era uma incógnita
Todo dia um mistério
Quando não me atrasava
Tropeçava na rua
Para nenhuma manhã copiar a outra
Às vezes esquecia um livro
Arranjava um motivo
Inventava uma história
Mas nenhuma delas era igual à outra
Em algumas ocasiões
Até ficava calada
Estranhamente parada
Não escrevia nada
Para nada ser igual à ontem
E assim o ano todo
Todo capitulo inédito
Nenhum tédio pairava
Nenhum dia imitava o outro
Mas hoje,
Hoje até parece cópia de ontem
Que é reprise da semana passada
Conversa fiada
Decorada
De tanto ser dita.
Não há mais mistérios nos dias que vivo
Pois são dias tão mortos
Que nem me surpreendo ao vivê-los de novo
Não há mais imprevistos
Muito menos, surpresas agradáveis,
Meus dias agora
São apenas seqüências
De manhãs tão idênticas
Tão sem graça
Que começam com traças
Roendo as portas
E terminam com as molas
De minha cama quebradas
Talvez agora e por isso
Eu desabafe um suspiro
E confesse aos livros...
Que tenho saudades da escola.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Cumplicidade

"Cumplicidade é dividir sonhos,
quem sonha junto
Nunca ri sozinho"...


Um dia sonhei em conhecer um escritor, seu nome: Fabrício Carpinejar. Poeta, cronista, um artista das palavras, entre tantos tão queridos, ele é um dos meus preferidos, seus livros disputam minha estante, suas palavras habitam minha cabeceira. Um estranho conhecido, afinal, nunca o vi pessoalmente, "mas conheço seus escritos, e se conheço o que escreve, o conheço quase um pouco".
Numa dessas ocasiões, "apresentei" Carpinejar à um amigo (Marcelo Ferreira, de blusa preta na foto) e a partir daí passamos a dividir um gosto mútuo: o prazer de ler Carpinejar. Tempo depois Marcelo participou de uma das feiras do livro de Ribeirão Preto,  e justamente lá, teve a chance de conhecer Carpinejar, mesmo eu não tendo ido, tive uma boa surpresa, entre os vários materiais que Marcelo levou e mostrou a Carpinejar, havia um singelo poema meu (http://janaiafabri.blogspot.com/2011/08/o-caminho.html) e foi assim que eu e Carpinejar nos conhecemos.

 A foto ao lado registra o exato momento que um estranho conhecido conhece uma anônima poetisa. Meu agradecimento ao Marcelo, um amigo que partilha sonhos e contraria tudo, e claro, ao Dú da Matta, os olhos fotográficos que registraram o momento afinal, um fato não é nada sem uma boa imagem, obrigado meninos... Mesmo a distância foi um prazer conhecer Carpinejar.

"conheço seus escritos, e se conheço o que escreve, o conheço quase um pouco"



segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Retrato Quadrilátero

Eu me sinto como a moldura de um quadro
Não sou o centro
Eu sou o lado
Meus sonhos ficam de canto
Meus sofrimentos são equiláteros
Não sou a obra
Sou um detalhe
Que tem valor
Mas pouco vale
Quantas vezes a minha dor
Se derramou sobre as pinturas
Fazendo delas traços borrados e cores turvas
Manchando as linhas e paisagens
Tornando as cores vagas miragens
Deformes e abstratas
Arte que eu mesma fiz
Mas que não passa de um retrato
Quadrilátero da minha alma
Magoada e infeliz.

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